sexta-feira, 27 de março de 2015

P de "Postais do fim do mundo" (V)



[ID, 'O rio da minha aldeia', Abril 014]



[...]

Aquilo em ti que te anima
o cão da tua respiração
a faca que são teus olhos,
teus cabelos, teus corvos
aquilo que morde a tua dentição
e vibra fibra músculo enfim,
a tua alma mesmo
e tudo aquilo que é invisível em você
é tragado (invisivelmente)
para o buraco negro.
As cáries, os pergaminhos egípcios,
as colheres que você entortou abrindo latas,
não. Isso definha na terra.
Sete palmos.


Júlia de Carvalho Hansen, A Casa dos Nietzscheanos,
Guimarães: Grisu, 2014

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