sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O de "O poema ensina a cair" (III)


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O resto é um mergulho, em grande estilo, com um pontapé na lua. Tinha o estado de espírito de quem foi atirado do alto da Torre Eiffel. É sabido que, quando caímos, nos tornamos mais inteligentes. Pomos a máquina a dar o rendimento máximo. À passagem pela segunda plataforma inventamos o pára-quedas, mais abaixo concebemos um plano circunstanciado de amortecedor individual e, a dez metros do solo, descobrimos o fim dos fins do imenso problema da gravitação e a máquina de descaroçar a Terra. O pior é que isso já não irá servir para nada.
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Jean Meckert, Abismo e outros contos,
trad. Luís Leitão, 
Lisboa: Antígona, 2013

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