sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O de "O mar, o mar" (IV)

 
"[...]
E o mar serenava por um instante e as sombras iam-se.
E eu esperava ansioso que ao silêncio se seguisse o seu marulhar sinistro e angustioso, e n'estes momentos tão longos de ansiedade estremecia se o estalar da madeira, ressequida do ar do mar e novamente humedecida da tempestade, se fazia ouvir, ou se, algum prato mal seguro na prateleira, descaía, fazendo ouvir um rumor quase imperceptív...el n'outra ocasião e medonho n'aquela.
E desejava novamente o doido assobiar do vento e o cavo marulhar do mar.
[...]"


Ângelo de Lima, Poesias Completas,
Lisboa, Assírio & Alvim, 1991
 

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