quinta-feira, 29 de novembro de 2012

P de Poética - XXXIV d

[...] É no Castelo que está traçada a preocupação de Kafka pelo grande espaço da presença, presença como tirania, como vocação de vampiro que há no ser humano. A torre do castelo, que se divisa de longe, é o símbolo da presença, e desde longe ela irrita e faz com que a alma humana se encabreie como uma cavalo espavorido. O castelo é a sede duma imaensa administração, em que a hierarquia reina até ao infinito. Destina-se a caçar a originalidade humana, a fazê-la depender da sua ordem prodigiosa. O único meio para lhe escapar é o de fazer-se pequeno, como um insecto; pequeno e repugnante e fácil de remover da face da terra.
 
[...]
 
 
Agustina Bessa-Luís, Kafkiana (2012)

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