domingo, 2 de agosto de 2015

R de Revisões da matéria dada (X)


[...] O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que nós formamos ao estarmos juntos. Há dois modos para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma tenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.


Italo Calvino, As Cidades Invisíveis,
trad. José Colaço Barreiros,
Lisboa: Editorial Teorema, 2002

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto dessa tenção. Faço por ela.
beijo.
marta