segunda-feira, 1 de junho de 2015

P de Perder a cabeça (III)





TRITÃO
[Jardim da Sereia, séc. XVIII]


Quero-te assim.
Com as pernas que nunca tive
para te seguir
e todos os dedos que fui
amputando, do lado do coração,
em castigo por não te saber tocar. 

Assim, de cabeça finalmente perdida
para te explicar apenas
o essencial - 

não há palavras 
suficientes a este amor. 
E um poema, mesmo de pedra, 
também passa, a menos que 
te ganhe para sempre os olhos. 


Inês Dias, Da Capo,
Lisboa: Averno, 2014





[Tritões: Sintra, 30/05/15 e Coimbra, 18/12/11]

2 comentários:

Anónimo disse...

... e parece ter sido por amor : )
Linda, como muitas outras!
Helena Nilo

ID disse...

Só vale a pena perder a cabeça por amor: é a única "grande razão" :)
Obrigada e beijo,
Inês