sexta-feira, 30 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

T de Tai Chi

Pronto estábamos en la mañana como um grupo que hace
tai chi en un parque.
Nuestros cuerpos eran sencillos
y realizábamos movimientos repetitivos para obtener un alma.


Juan Andrés García Román,
"Capítulo 00. Del nacimiento de la melancolía"
(com epígrafe de Tom Waits)

G de Greve

Há males que vêm por bem. A minha vista da greve de hoje foi assim:

segunda-feira, 26 de abril de 2010

P de Primavera (IX)



As flores vieram de cá, mas a jarra trabalhava como garrafa de água em Madrid. Achei que era um azul demasiado bonito para ser reciclado e convidei-a para conhecer uma sala também azul. Ontem, pressentindo talvez a importância das flores na celebração do feriado, o botão transformou-se numa terceira coroa imperial.

domingo, 25 de abril de 2010

C de Cravos

Le Livre d'Heures de la Reine Anne de Bretagne (1508)

E de Eu fui...

Gosto de concertos assim, que me lembram de quando tinha a carne intacta, achava que era vagamente imortal e não parava a meio do concerto para calcular quantas horas de sono ia conseguir ter antes do trabalho (aliás, nem pensava muito no dia seguinte). Tem o seu lado terapêutico.

Olly Moss

(um dos muitos posters em http://omgposters.com/)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

P de Primavera (VIII)

Porque a Primavera nem sempre depende dos meteorologistas, mas sim dos amigos. Às vezes é apenas uma flor que escapa de uma natureza morta e se passa de mão em mão dentro de uma caixa. Ou uma flor guardada entre as páginas de um livro improvisado. Ou uma cave em que há noite convivem túlipas e harpas.



FLOR SUFICIENTE

Uma idade em que nos apetecia ainda
falar de idade, sem futuro nem constrangimentos.

Para o Manuel
A doce insolência de uns dias
mais a sul, esse regresso pontual aos lugares
onde fiz à pressa os primeiros seis anos
e quis ser tudo menos, é claro,
poeta, emprestou-me uma razão.
Na demora do crepúsculo a luz
inchava e fez parecer
belo o fim da rua que subi.

Entro no supermercado, atravesso
sozinho os corredores enquanto penso
na glória obscena e acessível
deste nosso princípio de século.
Bolachas e iogurtes, fiambre, um saco
de café, cervejas e sabão. Não é
o real quotidiano, mas umas coisas
que tinha em falta quando saí.

Volto por um outro caminho
a ver se espreito um pouco dessa vocação
litoral. Putos dos que têm ainda
as ruas e montam ventos (desses
que às miúdas levantam as saias), andam
aos chutos na fuça do mar, trepam descalços
às árvores e fazem guerra com a fruta.

Um acerta outro em cheio e grita
morreste!, esse cai cá abaixo. Larga cuspo
nos dedos, esfrega a estrela de sangue
que lhe abre o joelho e volta lá para cima.
Morrer e matar, também brincámos
a isto. Mas a coisa depois foi
ficando séria. Deixámos para trás
infâncias épicas, muitas mesmo
inventadas. O tempo mordia-nos então
com doçura, agora, às vezes,
magoa.

À distância (segura) de algumas pedradas,
devolvemos imagens à memória,
nós como eles, trincando o caule das azedas
com uns dois, três cães velhos
sempre por perto, ao alcance de um
último afago, de vez em quando as sobras
do lanche, pedaços do pão com manteiga.

Um dos miúdos isolou-se entretanto.
Com um isqueiro, a chama lambendo
as murtas, ele soprando a cinza. Os olhos
à frente, devagar, batendo a beleza cansada
de terra baldia, a medir com um suspiro
ou mais a dimensão desse jardim deserto.

O mesmo assobio, tão antigo,
o mesmo vigor melodioso, preso entre
aqueles dois lábios breves e a falta
de ritmo que dói nestes versos.
Um silêncio afogando-se noutro
e a cor que o atingiu aos poucos.
Abrindo o mais que pôde, uma flor
foi suficiente para aproximar-nos
em idade e no resto.

Diogo Vaz Pinto

domingo, 18 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

T de Toponímia Poética

Calle del Desengaño,
em Madrid.

(Dá um bom título, não dá?)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

T de Tratado de Pedagogia (IV)

"Si usted es un pirómano de libros se habrá fijado en que los libros de versos arden mejor que los de prosa. Los espacios en blanco facilitan la combustión."

Manuel Vásquez Montalbán,
Asesinato en Prado del Rey y otras historias sórdidas

M de Museu Imaginário (III)

 


Rafael, "Retrato de um jovem (Alexandre de Medicis?)", c. 1515
(Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid)


 

sábado, 10 de abril de 2010

B de Biorritmo (XVIII)

Cuando llegues a Madrid, chulona mía
voy a hacerte emperatriz de Lavapies;
y alfombrarte con claveles la Gran Vía,
y a bañarte con vinillo de Jerez.
En Chicote, un agasajo postinero
con la crema de la intelectualidad
y la gracia de un piropo retrechero
más castizo que la calle de Alcalá.

Madrid, Madrid, Madrid,
pedazo de la España en que nací
por algo te hizo Dios
la cuna del requiebro y del chotis.
Madrid, Madrid, Madrid,
en Méjico se piensa mucho en tí
por el sabor que tienen tus verbenas
por tantas cosas buenas
que soñamos desde aquí;
y vas a ver lo que es canela fina
y armar la tremolina
cuando llegues a Madrid.

Agustín Lara, "Madrid"
(não sei porquê, fiquei com esta música na cabeça...)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

P de Páscoa Feliz



Ferdinand Hodler, Cerisier en fleurs (c.1905)